é só mais letras.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Pequenos Olhos Suicidas.

Quantas vezes eu a ouvir pedir a Deus um anjo. Fazia baixinho a sua oração de agradecimento e no fim pedia apenas um anjo, explicava a Deus que era pra lhe fazer companhia nas noites frias de inverno, mas que também o queria nas de verão, quando as chuvas fortes e passageiras chegassem.

Por vezes eu a via chorar, sempre quieta, sentada em um dos bancos da igreja. As gotas percorriam seu rosto nitidamente cansado ate o encontro de seus, frigidos, dedos. E pedia de novo, baixinho: ‘’(...) me envia um anjo.’’ Por vezes tive vontade de lhe perguntar o motivo, mas nunca saberei.

Pobre garota, mergulhei em seus olhos uma vez, era um domingo a tarde, ela estava sorrindo. Arrisquei-me,  olhei em seus olhos, eram verdes (por vezes jurei que fossem azuis). Eram de uma tristeza desmedida, tinha as cores tão claras, mas ao mesmo tempo eram escuros. Havia gentileza em seu olhar, mas também assemelhavam-se a um calabouço. Traziam-me paz, e ou mesmo tempo atormentavam meus sonhos. Era uma incógnita pra mim, e eu estava pronto para descobri-la. Por varias vezes essa pequena fugiu de meu amor, se escondia por de traz da dor, mantinha por vezes sua armadura frente ao corpo. Lutei. Eu recebi os sinais de sua falência, tentei salva-la. Fui aonde eu podia pra te-la em meus braços, mas ela não me via, seu escudo de auto-proteção não a permitia. E ela se foi. Tentou voar. Jogou-se. Caiu. Morreu. E eu sussurrei baixinho: ‘-sou seu anjo pequena.’ (Alinne Ferreira)

3 comentários:

  1. E as vezes o nosso anjo está ao nosso lado e a gente não percebe né? Lindo demais Alinne!
    Beijo!

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  2. Eu fico impressionda como sinto assim, tão parecida com você às vezes...
    Lindo texto!

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