é só mais letras.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

(Sobre)viver

Quando se fizer frio em casa (e em mim) eu vou me lembrar de ti, será uma lembrança pequenininha, mas toda delineada de apego. E quando eu sentir sua falta e as fotos e cartas que deixou não me servir de morfina, eu vou sair e caminhar por entre os corredores do prédio, na esperança de tu está perdido como da primeira vez, na esperança de te encontrar. Vou sentar nas escadas no meio da noite com uma xícara de chá nas mãos e ensaiar conversas bobas que tivemos e que nunca terminaremos. Eu vou dizer baixinho, entre alguns goles e lagrimas, que sinto sua falta. E que tu se esqueceste de se despedir.

Mas amor, onde você estiver saiba que batizei uma das estrelas com teu nome. Escrevi nossas promessas em
 um pedaço de papel e colei na parede vazia do meu quarto, pra que me certificastes de que não era delírio meu cada promessa que fizeste a mim. Saiba que cada pedacinho meu que arrastastes contigo, anda me fazendo falta. E que perco a cada dia a vontade de viver. No meio da noite, vejo-me privando meus pulmões de ar. Fico sem respirar, mas estou sem você há tanto tempo que nada, alem do teu abraço, me parece necessário.

Procurei o dia todo por um baú onde guardaria as coisas que deixará para trás, que se esqueceu de levar consigo, mas não achei um que coubesse a mim e minha dor.

 

Tão calma, sobre efeito de remédios.
Tão louca, sobre o efeito da saudade.
Alinne Ferreira.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011



  • Ele: Mas não se mate. (silêncio) — Por favor.
  • Ela: Por favor o quê?
  • Ele: Não se mate.
  • Ela: Ah, esquece. O sol está indo embora. Só falta um terço dele.
  • Ele: Ninguém se mata por amor.
  • Ela: Agora só tem uma lasquinha dele, bem vermelha.
  • Ele: Olha, uma vez eu li um cara, um escritor chamado Cesare Pavese, que dizia assim: “Ninguém se suicida por amor. Suicida-se porque o amor, não importa qual seja, nos revela na nossa nudez, na nossa miséria, no nosso estado desarmado, no nosso nada “.
  • Ela: E o que aconteceu com ele, esse tal Cesare?
  • Ele: Se matou. (silêncio)
  • Desconhecido.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Colocou o último disco do Legião na vitrola e ouviu “Clarisse”
 - chorou até não poder mais, 
de repente ela era Clarisse também. 
A dor já não era poesia.


Caio Augusto Leite

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Pequenos Olhos Suicidas.

Quantas vezes eu a ouvir pedir a Deus um anjo. Fazia baixinho a sua oração de agradecimento e no fim pedia apenas um anjo, explicava a Deus que era pra lhe fazer companhia nas noites frias de inverno, mas que também o queria nas de verão, quando as chuvas fortes e passageiras chegassem.

Por vezes eu a via chorar, sempre quieta, sentada em um dos bancos da igreja. As gotas percorriam seu rosto nitidamente cansado ate o encontro de seus, frigidos, dedos. E pedia de novo, baixinho: ‘’(...) me envia um anjo.’’ Por vezes tive vontade de lhe perguntar o motivo, mas nunca saberei.

Pobre garota, mergulhei em seus olhos uma vez, era um domingo a tarde, ela estava sorrindo. Arrisquei-me,  olhei em seus olhos, eram verdes (por vezes jurei que fossem azuis). Eram de uma tristeza desmedida, tinha as cores tão claras, mas ao mesmo tempo eram escuros. Havia gentileza em seu olhar, mas também assemelhavam-se a um calabouço. Traziam-me paz, e ou mesmo tempo atormentavam meus sonhos. Era uma incógnita pra mim, e eu estava pronto para descobri-la. Por varias vezes essa pequena fugiu de meu amor, se escondia por de traz da dor, mantinha por vezes sua armadura frente ao corpo. Lutei. Eu recebi os sinais de sua falência, tentei salva-la. Fui aonde eu podia pra te-la em meus braços, mas ela não me via, seu escudo de auto-proteção não a permitia. E ela se foi. Tentou voar. Jogou-se. Caiu. Morreu. E eu sussurrei baixinho: ‘-sou seu anjo pequena.’ (Alinne Ferreira)

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

sábado, 1 de outubro de 2011

patience.

Sinto-me segura em andar ao seu lado. Mas eu sei que não estou, sinto que em alguns segundos, você pode desistir e me soltar a mão. Vai me pedir pra que de passos sozinha, mas não vou conseguir. Vou te pedir ajuda, mas ai parece que já estou te vendo ao longe dos meus olhos. E, por favor, entenda que esse é o meu medo. Medo de cair novamente, levantar cambaleando com os joelhos sangrando, com o pulso ardendo. Medo de você não estar mais ao meu lado. Medo de fazer como as outras pessoas, e desistir. Medo cair sobre uma poça de tristeza, aaa como eu tenho medo de ficar molhada dessa água escura novamente.

Deixe-me fazer algumas paradas ao longo da nossa caminhada. Permita-me lhe servi uma xícara de café e um bocado de biscoitos em uma lanchonete qualquer. Só não corra novamente. Não me arraste pelos pulsos, permita-me respirar, permita-se respirar. Pare, sinta o que corre dentro de ti. Não se afobe meu bem. Vamos chegar lá. Eu vou estar com você, segurando sua mão, se você permitir. Vou descobrir seus segredos e estar te contando os meus. Mas é preciso calma. É preciso conversas, é preciso tanta coisa que agora não precisa nada. Precisa só de nos, a sós. (Alinne Ferreira)