é só mais letras.

quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Sobre a morte horrorenda de eduard delacrux e a foto que te enviei.

Eu terminei aquele livro. O que resgatei da biblioteca comunitária com páginas amarelas. (a fonte do texto escolhida pelo autor ainda me lembra você.)

Como se tudo me envolvesse na trama. 

Na teia.

O título como milagre

e o nosso encontro foi verdadeiramente um milagre. Só pra você.

O livro era roubado.

assim como nós.

pelo tempo, dinheiro, nosso trabalho e medos.

(Assim como nosso futuro.)

(Deixado de lado)

Tão trágico. 

Cruel. 

Tão sábio e verdadeiro.


De tudo que gastamos, o mais caro foi o tempo. Ironicamente, isso me dá um alívio. 


E cronos é quem tem nos jogado as cartas, regido nossa língua, brincando com o nosso sexo, escrito nosso nome no céu e registrando tudo que fomos.


Um deus tão cruel, quanto nós.

E não poderia ser diferente.

Você não teve misericórdia e eu não tive medo. Eu nunca tenho medo. Te disse isso duas vezes. O medo confunde.


Um Deus tão cruel quanto nos.

Calculando as rotas de saída sozinhos.

Tecendo orações ao nada.

Suplicando como quem conta carneirinhos até pegar no sono.

No fim, os budistas estão certos. Somos os nossos próprios Deuses.

Cheios de si. Com um dEUs tão grande e cruel na maior parte do tempo. 

Um olhar indiferente se equilibrando entre passado e presente. 


Um deus tão cruel quanto nós.

Entendendo errado tudo que vê, que ouve. Ignorando os sinais e seguindo em frente como se o farol tivesse verde. Sem falhar, sem olhar, sem cair. 

Vermelho. Nos dois pagamos a nossa pressa com vida. 


Um Deus tão cruel quanto nós.

Cortando as asas do próprio filho.

Deixando livre o próprio eu’s.


Vai lá então, seja o que quiser. Ganhe o mundo. O Deus do tempo conta seus minutos. Te da juventude. Te da saúde. Vai. Ganha o mundo. Faz melhor do que faria se estivesse com eles. Faz valer a sentença do tempo. Se entrega na malha, no rio que corre sem cessar. Sem tempo pra tomar fôlego, apenas se entregue e deixe fluir como as águas. 


Todo o tecido fino entre a dor e a compaixão. 



Quantas vezes mais ?

Quantos quases, mais?