é só mais letras.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

sábado, 26 de novembro de 2011

procura


Existem pedaços seus ainda em mim. Gostaria que tu viesses buscá-los, levá-los de volta. Não é muito confortador viver com lembranças tuas me atormentando o sono. Adoraria viver como antes, sem que toda noite pareça a de minha execução. Flores negras rodeiam minha casa, parece que tudo esta subitamente e inexplicavelmente esperando a minha morte. Mas de alguma forma os teus pedaços me fazem respirar. Mesmo que com toda essa dificuldade... Mas os meus pulmões enchem e se esvaziam com uma calmaria de lhe invejar.

Tem se tornado rotina, tenho saído de casa todo finzinho de tarde para lhe procurar por entre essas esquinas e ruas vagas. Por vezes encontro olhos claros como os teus, mas ninguém carrega a dor que encontrei em ti. Deixei cartazes oferecendo minha vida como recompensa em bares e postes mal iluminados. Sim, exatamente, darei a minha vida por ter teus olhos por sobre os meus apenas uma vez.

Alinne Ferreira

domingo, 13 de novembro de 2011

O encontro.


Olhos baixos coberto por uma imensurável tristeza. Observo com certa distração e lentamente as paredes escuras que me rodeiam. Respiro com tamanha dificuldade procurando oxigênio em meio a esse ar de solidão que toma a sala. Lembro-me do doce abrigo que um dia fora essa solidão, mas hoje a não é mais. Não soube lidar com ela, nem com minhas perdas, e então me afundei, me joguei nesse abismo sem me preocupar se havia cortado minhas asas na ultima tentativa de suicídio.

Nesse momento, sentada nesse chão frio, observo a imensidão que passou a existir dentro de mim. Quando foi que se tornou tão assustador e obscuro lá dentro? Quando foi que esse vazio tomou conta de mim?

Há um par de olhos me observando na porta, são olhos claros. Lembro-me deles a dois dias atrás, descansando em meu corpo, enquanto dormia. Consigo ouvir os sussurros daquela noite. Ele me dizia baixinho com toques de promessas na voz: ‘não vou embora meu bem, dorme pássaro meu. Vou fitar-te a noite toda, não vou deixar-te ir e nem permitirei que eu mesmo vá’. E eu dormi, sonhei contigo durante a noite toda. E no meu sonho tu despedias-se de mim, e partia. E quanto a mim, tu me deixaste no chão e alçou vôo. E ia por entre as nuvens, que costumávamos delinear, sumindo.

Quando acordei, teu corpo ainda estava ali colado ao meu, tua mão frigida segurava a minha sem força alguma. Revirei-me na cama ao teu lado ao encontro de teus olhos, e encontrei-os fechados, Tua pele fria tocando todo meu corpo e o ar secou pra ti. Tu aprofundaste-se em um sonho que não se pode voltar, não há mais como acordar. Porque meu bem? Porque realizou meu sonho? Porque voou sem mim? Deixou-me sem ninho, e sozinha.

Algo em mim quebrou. E por dois dias não voltou. Tentei viver, tentei continuar, mas entenda que teu suicídio bem sucedido me incomodou. Lembro da promessa que fizemos quando me salvou, dissestes que iria me aguardar no portão do céu, ou seja lá para onde vão almas suicidas. Disse também, que não permitiria que eu fosse antes de ti. Mas não disse que partiria sem despedidas (e sem mim).

Noite passada, tomei todos os comprimidos que achei pela casa, seguidos de grandes goles de álcool barato. Viver sem ver os teus olhos claros seria verdadeiras punições. Não suportei tamanho desespero, perdoe-me, mas fui ao teu encontro.

São essas as recordações que me atormentam nessa sala escura, recordações de dois suicídios ‘seguidos’. Mas ‘meus’ olhos claros estão na porta dessa sala me esperando, como prometeu. Respirar agora se torna algo fácil, não respiro mais aquele ar denso. A sala já não é mais tão escura, tenho as asas de um anjo me abrigando. E dessa vez, por toda eternidade.
Alinne Ferreira

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Não sei ao certo, ando uma verdadeira desordem, tenho andado cheia de tristeza, medo, equívoco, indiferença. Transbordando dor por cada esquina que passo, não consigo me esvaziar de jeito nenhum.


Alinne Ferreira