é só mais letras.

domingo, 29 de abril de 2012

Submerged in your love. Drowning, for nostalgia


Tudo com você têm um tom azulado. Um tom de calma, paz, cumplicidade. Estranho porque com a gente nada começou em tons de azul, lembro que era cinza... Era tudo meio branco e preto no inicio.

Um de nos era terrivelmente escuro e contraditoriamente gostava daquilo, tinha tons extremamente intensos na alma, na vida e uma cor tremendamente escura nas palavras sujas e tristes. O outro já era meio cinza, meio indiferente, meio seco, um pouco catastrófico, era repleto te tanta coisa que transbordava vazios admiráveis. Queria carregar tudo nas costas, queria também companhia, mas só se esquecia de pedir ajuda, qualquer mínima ajuda.

E que cor poderia sair de nos? O que se pode tirar de Preto e Cinza? Como pode algo tão acromático tornar-se essa cor estranhamente bela? Não sei, mas uso as suas palavras:

“foi com você que as coisas começaram a desenrolar outra vez.” 
E eu acrescento: 
“dez vezes melhor que as anteriores”.

E ai houve essa cor bonita entre nos dois. E eu não quis colorir nada, acho que você também não. Mas a própria vida se encarregou de pintar nossos caminhos com os mesmos tons calmos e confortantes de um céu em dias como os de hoje.

Ainda tenho meus tons escuros na alma, nas palavras. E você também ainda tem o cinza estampado em ti com todas as características possíveis dessa cor. Mas juntos nos tornamos Azul, nos somos azul. Somos céu! Com direito as tempestades mais obsoletas possíveis.

Acredito que azul não seja a sua favorita, mas é esse azul que esta estampado em nossos laços, esses laços atados em nosso pulsos amarrando voluntariamanete minha vida a sua. Azul é minha cor favorita, talvez seja por isso de eu intitular essa cor a “nos”.

Há esperança que esse azul não se desbote. Sei que há! Não só de minha parte, mas também muito da sua. Há em cada palavra um desejo silencioso de que todas aquelas conversas sejam suficientemente verdadeiras para serem inesquecíveis em ambas as partes. E eu sei que vai ser. Eu sinto! Porque mesmo que dure 6 cansativos anos, sei que terá (ali, escondido) a intensidade que houve nos 3 primeiros meses, basta só a gente querer começar de novo, ter paciência para fazer tudo renascer. E mesmo se não passar de alguns meses, eu tenho a plena certeza que ninguém nunca gostou tanto de mim quanto você gosta. Não sei realmente se gosta... mas com você eu sinto algo confortador que não sentia com ninguem.

Vai ser pra sempre, mesmo que acabe. Eu vou fazer com que dure uma eternidade em um beijo meu. Porque foi você que me salvou de alguns suicídios que eu andava cometendo. Foi você que me salvou e me fez emergir dessas águas que me encontrava submergida. 

Tenho vontade de te agradecer todos os dias por ter simplesmente aparecido na minha vida. Mas sei que terei tempo suficiente para lhe retribuir todo bem que me faz.

Para Vitor,

Alinne Ferreira

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Dialogo 1

A – Não tem medo?
B – O tempo todo.
[silencio]
A – Medo de que?
B – De ir embora amanhã ou de ficar. Não sei.
A – Porque tem medo de ficar?
[silencio]
A – Não vai embora, porfavor.
B – Preciso ir.
A – Não precisa. Pode ficar. Aqui é grande, tem espaço pra nos dois.
B – Não é sua casa que me preocupa.
A – Não to falando de casa.
B – Então sabe o motivo...
A – Sei, e isso me amargura.
B – Sinto muito.
A – Não sinta!
B – Não consigo.
A – Consegue, tem feito isso a maior parte do tempo.

Alinne Ferreira 

sexta-feira, 13 de abril de 2012

03:50h


Tudo que quero agora é causar dor física. Me cortar “acidentalmente” com alguma coisa, fazer a dor de um corte profundo ser maior que a dor que sinto por dentro. Fazer com que meu corpo clame por algumas horas de sono, algumas horas de paz. Mas não faço nada alem de entrar no banheiro para chorar... Como se alguém quisesse vigiar meu choro... Como se alguém se importasse se eu chorasse na sala, quarto ou cozinha, e fosse preciso me esconder. Mas não há ninguém que se importa, e mesmo assim eu me tranco e choro em silencio.

Todos os soluços e as lagrimas contidas ali, no chão do banheiro, serão apagadas amanhã de manhã. Apenas as marcas de uma noite errante ficaram por um longo tempo na minha pele e estampadas nos meus olhos criminosos, suicidas. Mas não há nenhum problema, pois ninguém costuma ver nada alem da cor esverdeada deles.

Apesar do esforço, não vou conseguir manter o sorriso amarelo. Nem a simpatia nos olhos. E nem a singeleza do toque. Haverá apenas um amontoado de tristeza, essa velha conhecida, que já se tornou parte de mim. Afinal, o que é um poeta sem sua dose desmedida de tristeza?


Alinne Ferreira

sábado, 7 de abril de 2012

Nossa noite de amor



Sexta-feira. Teus olhos no escuro procurando os meus.
Um abraço. Três palavras.
Me entreguei.
Tuas mãos deslizando, sutilmente, no meu corpo descoberto.
Teus beijos contornando minha existência.
Nos dois. Cheiro de cigarro e mofo.
Chove.
O mundo parece acabar esta noite, e eu me entrego totalmente aos teus braços.
Uma virgem e um fumante. Uma cama estreita com lençóis brancos.
Minhas mãos explorando seu corpo nu. Tua boca buscando caminhos novos.
Gemidos. Prazer. Medo.
Fecho meus olhos e ainda me lembro com perfeição como tudo começou.
Sua voz.
Um sorriso ligeiro meu.
E depois, silencio.
Meus olhos fechados novamente e um pedido: Não me deixe!
E se fez silencio.

Alinne Ferreira, em minha primeira noite de amor

quarta-feira, 4 de abril de 2012