2016 foi o pior ano da minha vida.
sem drama, juro. é só um fato.
você ja teve o pior ano da sua vida?
você ja sentiu tanta dor psicológica ao ponto de não
conseguir respirar?
Eu pensei em me matar, não por me achar insuficiente ou por
acreditar que não seria feliz nunca mais... Eu tentei me matar 2 vezes porque a
dor era tão insuportável que nao me importava se ia pro céu ou inferno,
qualquer lugar parecia melhor do que estar ali, sentindo todo o peso do mundo,
sozinha. me entende? QUALQUER LUGAR seria melhor do que sentar na sala da sua
avó paterna e não conseguir segurar o choro na frente de todos os seus
familiares. erguer a cabeça e encarar todos te olhando com aquele olhar de dó.
todos. assistir sua mãe chorando no banheiro, chorando e orando pra que alguma
divindade me ajudasse a passar por isso. ter que ligar pra sua amiga as 3 da
manha porque as vezes a madrugada era cruel demais e você sente que não vai
conseguir passar por ela sozinha. ver a mãe dele olhar meu desespero as 23hrs
sentada no sofá da casa dela esperando ele chegar e dizer pra mim: "Aline,
eu consigo sentir a sua dor daqui." choramos juntas.. doi nas duas. eu não
esqueço das irmãs dele me olhando com dó, com os olhos cheios de lagrimas sem
ter o que dizer. nessa hora, até elas sabem: nada conforta. vocês também
sabem..
eu comprei calmantes naturais porque minha psicóloga nao
confiava em me receitar remédios pesados. ela sabia o que poderia acontecer.
Meus problemas começaram a aparecer fisicamente. peguei pneumonia, eu não
aguentava de dor no pulmão e mesmo assim dormia no chão de propósito porque eu
queroa que piorasse.. tive feridas nas pernas, ninguém nunca soube o que era..
tive gripes frequentes, infecção de garganta, dores agudas na cintura, tive mais
feridas pelo corpo em razão da imunidade baixa, muitas aftas na boca, meu
cabelo começou a cair muito, tenho a impressão que meus dentes tão apodrecendo,
culpa do cigarro talvez. ou não. fiquei 6 dias sem comer ou beber nada. perdi
24kg depois de tudo. desmaiava nos lugares, mas quando eu acordava não era ele
que estava ali, ele nunca estaria, ele nunca soube disso.
Mas eu procurei ajuda. procurei Deus, comecei terapia,
consultas em psicologo, livros de superação, paginas que satirizam teu ex,
procurei (como diz charlie brown) outras bocas e outros corpos. mas ainda ta
aqui, menos dolorido, menos masoquista, mas ainda aqui. latejando. como uma
fratura exposta. mas ninguém precisa saber o quanto doi ainda. nem ele.
é agoniante amar alguém assim. é dolorido. não existe
beleza. não existe céu azul ou flores. é acordar todo dia e desejar a morte, em
silêncio. ninguém pode saber, ninguém entende. é ter dias em que é preciso 4
banhos de 40 minutos no chuveiro, só pra chorar sozinha sem preocupar seus pais
e amigos. é fugir de madrugada pra casa dele só pra ouvir a sua respiração e
matar a saudade do sono inquieto durante 2 horas no frio, sozinha e depois
subir pra sua casa com a sensação de gratidão. sim gratidão, por ainda ter a
oportunidade de, mesmo que em segredo, vê-lo dormir sozinho, de longe. seguro.
tranquilo.
Tudo me lembra ele, absolutamente tudo. O carro novo do meu
pai, a ida e volta pra escola, o caminho
que fiz tantas vezes com ele. As ruas da cidade, o desejo de subir na torre da
igreja, o cinema de Jundiaí, a cor do céu quando você esta na estrada e fica
aquele azul com laranja e rosa, as musicas que tocam na radio, aquele perfume
que todo cara usa, os meus livros, minha parede rabiscada com a letra dele, mil
e uma juras de amor eterno, o ventilador dele que ainda esta no mesmo lugar que
deixou, rosas vermelhas, nossa série favorita que agora assisto sozinha, os
lugares que queríamos conhecer juntos e eu evito sempre (porque ainda quero
estar la com ele), quando faço amor com qualquer outro cara, quando toca
sertanejo, quando vou a igreja. quando faço uma oração suplicando pra que isso
passe logo. quando vou comer um lanche e lembro que foi ele quem me fez gostar
dessas porcarias. até coca-cola (ele era viciado em coca.) os sabados e
domingos são eternos. chegar em casa de qualquer lugar e saber que não tem
ninguém na sua cama essa noite. que ele não vai estar ali para querer segurar
meu cabelo enquanto eu passo mal no banheiro de casa. saber que ele leva outras
no mesmo lugar que descobrimos juntos, doi. mas tudo bem, eu deixo ele
recomeçar. eu permito isso. eu tento liberar perdão, eu juro, eu tento.
Aline Ferreira 11.08.16
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