é só mais letras.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Carta suicida

Começaria, por mais de um milhão de vezes, melodicamente mais uma de todas as cartas que enderecei a ti. Mas nesta irei usufruir de minha parte amarga, pois foi o que me restou depois de tanta singeleza escrita para ti, creio que por, esta, ser minha ultima. Fico feliz que ao menos tenha um pouco da amargura das minhas letras em tuas mãos, já que as tantas outras cartas guardo num baú verde-oliva debaixo de minha cama. Tentarei ser breve, mesmo porque as dores já estão me tomando todo o corpo e a alma.

Esta tarde foi demasiadamente clara e calorosa, obrigando-me a um desagradável passeio ao parque, Confesso que as tardes desperdiçadas dentro de casa começaram a me fazer falta no exato momento em que fechei a porta por detrás de mim, mas não voltei. Segui em frente rumo ao parque extremamente cheio. Minha pele estava pálida demais, ao ponto de ouvir cochichos ao longo do caminho sobre como eu estava branca e com aspecto adoentado. Creio que se assustariam se pudessem ver a aparência de minh’alma.

Eu senti saudade de casa. Confesso. Faziam menos de uma hora que estava naquele parque cheio, com crianças brincando, casais vivendo e vidas simplesmente cursando a maré agitada que a vida lhes colocava. E eu senti uma, imensurável, falta de casa, da minha sala bagunçada, do meu quarto escuro e de como eu podia ser unicamente eu. Sem ter de fingir não ouvir os comentários corretos a respeito de minha aparência, sem sorrir forçadamente para garotinha que me faz caretas na fila de pipoca, sem ter que lidar a todo tempo com a dor de ver as pessoas vivendo e não poder, não conseguir mais manter-se respirando.

Creio que nunca se sentiu assim. E se por um acaso sentiu, a tua dor e vontade de acabar com tudo não se compara a minha. Eu apenas ficaria imensamente grata se eu recebesse algum sinal de que esta sentindo minha falta, ou alguma resposta sobre os textos que ando escrevendo sobre os teus olhos e tua alma. Se ao menos tu conseguisse me ler como poucas pessoas se dispõem. Se pudesse me dar algum misero sorriso teu, mas tu dizes que de ti eu só tiro lagrimas, me diga: como posso lhe tirar lagrimas se há tempos nada sai de ti? Como ousa dizer que tens medo, olha bem pra mim, como posso lhe ferir amando-te tanto a ponto de me dispor a ti e tuas mudanças? Não vê que lhe quero bem? Eu por sorte apenas cansei de fingir esquecer tuas partidas e te receber com um dos meus mais doces sorrisos. Foi só isso, então não arrisque falar que não te amei, porque se alguém amou nessa curta historia esse alguém fui eu.

E é por essa razão que lhe redijo esta carta, só queria que soubesse que toda amargura que ficou cresceu, cresceu ao ponto de tomar totalmente parte de mim. E a doçura que sobrava eu despejava nas cartas descrevendo tamanho vazio deixado por tua desprezível ausência e de como seria bom ter a ti do meu lado (numa falha e fútil tentativa de lhe convencer a voltar e ficar).

Mas tudo bem tu preferes voar e conhecer céus mais estrelados. Vai por ai procurando sorrisos mais doces e olhares mais calmos, fazendo-me assistir de longe seu vôo plaino e perfeito, com suas asas de plumagem limpa e branca. Enquanto nem as minhas tenho mais, e se tenho ficaram sujas por ter de passar por tamanhos lugares imundos a procura de ti.

Queria apenas que soubesse que não, eu não resisti a tamanho abandono de tua parte. Deixo-te hoje esta carta em mão e espero que a lembrança do meu sorriso em tua memória. Não preciso pedir para que siga sua vida, porque já fazes isso sem que eu ao menos lhe permita, mas peço, com suplica para, que não leia as cartas que estão talvez em baixo de minha cama. Acho que seria um tanto doloroso pra ti saber que tentei entregar os avisos antecipados e inocentes de minha prematura morte interna, na tentativa que tu viesses me salvar do ato que cometeria. Penso que poderia ser diferente.

Dormirei para sempre hoje, no fim desta carta. E quero que saiba que será no teu sorriso que tentarei lembrar quando meus olhos se fecharem. De quem um tanto te amou,
Ane Lisse.


Alinne Ferreira

domingo, 25 de dezembro de 2011

As doze faixas na madrugada de sexta anoite.



Fora três. Três frascos inteiros de remédios que Lucia tomou. O primeiro continha alguns poucos comprimidos que restavam, os quais foram engolidos com certa agilidade. O segundo tomou calmamente entornando um vinho barato para ajudar a engolir de dois em dois comprimidos que lhe enfiava na boca. Já o terceiro levou para o quarto consigo e os ingeriu à medida que uma musica se seguia.
Musicas que Luci dedicou-se a escolher. Noite passada gravou um cd com suas favoritas e as que lhe haviam marcado algum momento de sua curta vida. Eram 12 faixas, 12 melodias extremamente dela, em algumas poucas exceções, Lucia permitiu-se dividi-las com outro alguém.
No quarto extremamente escuro e vago, Lucia se mantinha em uma cama num dos cantos, com o franco cheio em mãos e uma roupa bonita. Ela usava um vestido, talvez branco ou talvez cinza ao certo não sei, mas estava bonita. Estava bonita de mais pra morrer.
Começou o terceiro frasco de remédio ouvindo About a Girl da banda Nirvana,

I'll take advantage while
You hang me out to dry
But I can't see you every night
Free, I do...


Moveu os dedos entre os poucos cabelos e chorou, chorou depois de tanto tempo seca. Tagarelou a canção baixinho entre os soluços do choro. Havia tanto de luci em cada verso. Quanto tempo faz? Quanto tempo fazia desde a ultima vez que chorou? Há quanto tempo faz que, aquela menina miúda de cabelos escurecidos, preferiu guardar tudo ali dentro mesmo que aquilo a estivesse dilacerando, mesmo que toda aquela dor retraída causasse sua morte interna. Mas estava tudo tão bem com aquela pequenina, parecia. Eu juro que parecia.
Luci não se matou. Luci queria viver. Luci tentou viver, mas o amor, seu amor, há permitiu.
A musica termina. Há agora, aparentemente, um curto silencio entre uma canção e outra no quarto vazio e negro. Um silencio mórbido contando lentamente as batidas do seu coração, agora mais lento. Um... Dois... e outra canção começa. Fez Lucia sorrir, Strawberry fields forever Lembrou-se de quando ouviu Beatles pela primeira vez, a musica que a tanto define hoje, agora.


Viver é fácil com os olhos fechados
Sem entender tudo o que você vê
Está ficando difícil de ser alguém
Mas tudo funciona bem
E isso não importa para mim

Lucia, viver foi fácil. Viver era fácil quando entoava a canção sem sentir as dores da melodia.
Os quatro últimos comprimidos estão dançando na caixa e fazendo seu ultimo rodopio ate descer pela sua garganta. Lucia, exausta, recosta o corpo na parede que deveria ser branca. Luci suspira... lá se vai as outras cinco musicas do cd, aquelas cinco que lhe recordava a infância. A oitava faixa começa, a que trazia seu pai cantando uma de suas composições para a pequena:

Veja anjo, veja como esta claro lá fora.
O dia acaba de nascer pra você
Sorria pra ele.
Venha, venha aqui fora e dance comigo
Vou cuidar de você pra sempre. Tu és meu anjo agora.
A voz rouca aparentemente embriagada a fez faltar o ar, ficou sem respirar. Essa era uma das musicas que Lucia a permitia compartilhar era a musica dela e de seu pai. De repente não havia oxigênio suficiente pra lhe encher os miúdos pulmões, já estavam fartos de tamanha dor. Seguiu assim durante algumas canções do cd.
Luci quis voltar, queria fazer as dores no estomago diminuir. Lucia queria vomitar, queria viver. Inclinou-se a frente de seu corpo deixou o frasco cair de sua mão e deitou-se na cama gelada, sorriu.
Ela queria viver.
Houve outra vez um silencio notório e longo ate o começo da ultima canção...
Não consigo olhar no fundo dos seus olhos
E enxergar as coisas que me deixam no ar, deixam no ar
As várias fases, estações que me levam com o vento
E o pensamento bem devagar..
A musica ficou em tons baixos, os pequenos olhos inchados de Lucia foram se fechando imperceptivelmente. Não! Pensou ela, agora não. Essa é minha musica, a musica que dividi com aquele moço do parque. Eu quero ouvi-la. Pela ultima vez, por favor... Agora não, deixe-me cantá-la...
Sua suplica quieta foi calada. O escuro das pálpebras revelou a face do tal homem, lá mesmo, no parque. Uma troca de olhares e algumas poucas palavras. Foi bonito os dois parados em meio o parque. Foi bonito ver a doce Lucia amar, amargo é vê-la desfalecer nos braços do tal moço.
Luci com os olhos ainda fechados assistindo em suas pálpebras o tal moço, sorriu.
‘’Abre os olhos Luci, abre os olhos que tu estas nos braços do moço. Só abra os olhos Luci.’’

Um tanto atormentada, Alinne Ferreira

sábado, 17 de dezembro de 2011

O moço que virou anjo, ao meus olhos


Escreverei sobre um anjo. Um destes tantos que não possuem cabelos dourados e nem lindos olhos azuis. Mas um anjo que me permitia usar antes de seu nome um pronome possessivo. Meu, meu doce Gabriel. Sempre precisei de um longo tempo ate saber precisamente como descrevê-lo e ainda assim não havia definição apropriada pra tamanha beleza, tentei por diversas vezes, mas de nenhuma forma como o descreverei hoje.

Seus olhos, escuros, profundos e assustadoramente calmos. Seu simples olhar era fielmente capaz de lhe afogava em tamanha tristeza que lhe trasbordava dos olhos. Eram duas janelas miúdas para sua alma, janelas estas que ele mantinha orgulhosamente fechadas por um espesso vidro enevoado e por dentro mantinha tabuas e cortinas densas que impediam qualquer vestígio de luz adentrar. Cheguei a comparar seus olhos negros ao mar, mas logo vi que nem mesmo o mar, com toda sua grandeza, possuíam tamanha assombração e homicídio carregado em sim. Sim homicídio, os olhos daquele homem eram homicidas. Havia uma vontade imensa em mim de me afogar naquele mar, de carecer sobre aquelas janelas escuras, mas antes de qualquer ato de minha parte, aquele homem dos olhos de janelas escuras e mar aberto me matou primeiro. Fuzilou-me com sua janela entreaberta e assustou-me com seu medo de me deixar afundar. Matou-me quatro vezes, e em nenhuma eu estava perto suficiente. Era necessário apenas o descuido de lhe olhar nos olhos.

Sobre o seu sorriso tenho poucas palavras para descrevê-lo, nunca fui boa pra relatar algo que me faz feliz, mesmo que raramente. Lido melhor com o que me entristece. Bom, seus sorrisos sempre foram longe dos meus olhos, longes o suficiente para ansiar fotografá-los. Seus lábios eram finos, pequeninos demais para os meus, havia uma vermelhidão agradável por entre a junção de seus lábios, quando se abriam era como a canção doce da chuva encontrando o solo depois de uma tarde quente, trazendo alivio, calma, mas eram raras as canções, ele sempre mantinha a boca fechada, serrada, me fazendo por diversas vezes tentar (falhamente) interpretar algum de seus sorrisos esboços, escondidos e apagados em seu rosto fino. Sobre os dentes havia em mim uma vontade imensurável de ter os meus lábios presos neles, vontade que foi amenizada por um de meus sonhos com o tal anjo.

Os tais cabelos marrons que delineavam seu rosto, dava a si uma moldura mais sutil, o deixava com espectro mais jovem. Estava sempre desalinhado, despreocupado. Uma mecha insistia em vendar um de seus olhos dando-me uma vontade de lhe cortar o cabelo oleoso. Porem nunca o fiz, provavelmente nunca farei, nem mesmo quando eu tive a chance. Na verdade sua mecha de cabelo sobre um dos olhos me atraia, fazia-me querer ainda mais viver com ele.

Ao contrario do que se pensaria, ele possuía asas. Não eram físicas, ou com penas. Me anjo mantinha suas asas em sua alma. Aquela alma tão escura e negra, sobre ela ainda tenho receio a descrever acho impróprio mensurar esse tão interminável abismo que era sua alma.

Se possuísse uma cor, seria cinza. Junção de todas elas 
quando uma criança brinca com massa de modelar.
Se nela houvesse um som, seria o de uma tempestade 
ao fim de novembro. Forte e imponente.
Se fosse um mês, seria dezembro. O fim.
Se fosse uma estação, seria outono. 
A que trás o fim das flores.
Se meu anjo fosse uma palavra,
seria fim.

Por: Alinne Ferreira

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Laços

Quantos foram os laços em que nos atamos juntos, e que você, tão incompreensível os desatou. E eu tive que lidar sozinha com a dor que ficou das marcas apertadas em meus pulsos. Cada nozinho, entre as amaras, lembra-me uma promessa nova. Promessas essas desprendidas e esquecidas por ti de uma forma tão repentina...

Sobre o que ficou guardo: Tenho a fita cor-de-rosa que prendeu-nos um ao outro, tão minúscula agora, dentro de minha caixa torácica no fundo de um órgão tão desprendido e desligado de mim. E os dias agora são em variados tons de cinza, nunca há uma pausa nessa chuva fria e fina que inunda de tristeza a minha vida e minha casa. Não há mais laços, nem os invisíveis que deveriam permanecer entre as fotos (agora queimadas) que tiramos em setembro, há agora, somente um nó preso em minha garganta seca, me impedindo de telefonar, e ate mesmo falar. Há também um vazio imensurável na gaiola em que construímos e nos prendemos juntos depois de que você, por vontade própria, me abandonou e decidiu migrar pra longe de meus braços acorrentadores.

Foi durante essa noite que percebi: os laços que te dei eram frouxos demais, fáceis de desfazerem. Já os que me deu não eram laços, eram algemas.

Estou pensando em me render a algumas coisas que prometem libertar-me desse tão 
apertado nó e desse vazio em ambos os lugares. Há um deles que vem chamando
 muito minha atenção... Pretendo fazê-lo hoje à noite, quando a chuva estiver
 mais grossa e os trovões abafarem meus gritos de socorro, 
surgidos pela corda (desatando o nó) em meu pescoço.

Alinne Ferreira

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

sábado, 26 de novembro de 2011

procura


Existem pedaços seus ainda em mim. Gostaria que tu viesses buscá-los, levá-los de volta. Não é muito confortador viver com lembranças tuas me atormentando o sono. Adoraria viver como antes, sem que toda noite pareça a de minha execução. Flores negras rodeiam minha casa, parece que tudo esta subitamente e inexplicavelmente esperando a minha morte. Mas de alguma forma os teus pedaços me fazem respirar. Mesmo que com toda essa dificuldade... Mas os meus pulmões enchem e se esvaziam com uma calmaria de lhe invejar.

Tem se tornado rotina, tenho saído de casa todo finzinho de tarde para lhe procurar por entre essas esquinas e ruas vagas. Por vezes encontro olhos claros como os teus, mas ninguém carrega a dor que encontrei em ti. Deixei cartazes oferecendo minha vida como recompensa em bares e postes mal iluminados. Sim, exatamente, darei a minha vida por ter teus olhos por sobre os meus apenas uma vez.

Alinne Ferreira

domingo, 13 de novembro de 2011

O encontro.


Olhos baixos coberto por uma imensurável tristeza. Observo com certa distração e lentamente as paredes escuras que me rodeiam. Respiro com tamanha dificuldade procurando oxigênio em meio a esse ar de solidão que toma a sala. Lembro-me do doce abrigo que um dia fora essa solidão, mas hoje a não é mais. Não soube lidar com ela, nem com minhas perdas, e então me afundei, me joguei nesse abismo sem me preocupar se havia cortado minhas asas na ultima tentativa de suicídio.

Nesse momento, sentada nesse chão frio, observo a imensidão que passou a existir dentro de mim. Quando foi que se tornou tão assustador e obscuro lá dentro? Quando foi que esse vazio tomou conta de mim?

Há um par de olhos me observando na porta, são olhos claros. Lembro-me deles a dois dias atrás, descansando em meu corpo, enquanto dormia. Consigo ouvir os sussurros daquela noite. Ele me dizia baixinho com toques de promessas na voz: ‘não vou embora meu bem, dorme pássaro meu. Vou fitar-te a noite toda, não vou deixar-te ir e nem permitirei que eu mesmo vá’. E eu dormi, sonhei contigo durante a noite toda. E no meu sonho tu despedias-se de mim, e partia. E quanto a mim, tu me deixaste no chão e alçou vôo. E ia por entre as nuvens, que costumávamos delinear, sumindo.

Quando acordei, teu corpo ainda estava ali colado ao meu, tua mão frigida segurava a minha sem força alguma. Revirei-me na cama ao teu lado ao encontro de teus olhos, e encontrei-os fechados, Tua pele fria tocando todo meu corpo e o ar secou pra ti. Tu aprofundaste-se em um sonho que não se pode voltar, não há mais como acordar. Porque meu bem? Porque realizou meu sonho? Porque voou sem mim? Deixou-me sem ninho, e sozinha.

Algo em mim quebrou. E por dois dias não voltou. Tentei viver, tentei continuar, mas entenda que teu suicídio bem sucedido me incomodou. Lembro da promessa que fizemos quando me salvou, dissestes que iria me aguardar no portão do céu, ou seja lá para onde vão almas suicidas. Disse também, que não permitiria que eu fosse antes de ti. Mas não disse que partiria sem despedidas (e sem mim).

Noite passada, tomei todos os comprimidos que achei pela casa, seguidos de grandes goles de álcool barato. Viver sem ver os teus olhos claros seria verdadeiras punições. Não suportei tamanho desespero, perdoe-me, mas fui ao teu encontro.

São essas as recordações que me atormentam nessa sala escura, recordações de dois suicídios ‘seguidos’. Mas ‘meus’ olhos claros estão na porta dessa sala me esperando, como prometeu. Respirar agora se torna algo fácil, não respiro mais aquele ar denso. A sala já não é mais tão escura, tenho as asas de um anjo me abrigando. E dessa vez, por toda eternidade.
Alinne Ferreira

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Não sei ao certo, ando uma verdadeira desordem, tenho andado cheia de tristeza, medo, equívoco, indiferença. Transbordando dor por cada esquina que passo, não consigo me esvaziar de jeito nenhum.


Alinne Ferreira

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

(Sobre)viver

Quando se fizer frio em casa (e em mim) eu vou me lembrar de ti, será uma lembrança pequenininha, mas toda delineada de apego. E quando eu sentir sua falta e as fotos e cartas que deixou não me servir de morfina, eu vou sair e caminhar por entre os corredores do prédio, na esperança de tu está perdido como da primeira vez, na esperança de te encontrar. Vou sentar nas escadas no meio da noite com uma xícara de chá nas mãos e ensaiar conversas bobas que tivemos e que nunca terminaremos. Eu vou dizer baixinho, entre alguns goles e lagrimas, que sinto sua falta. E que tu se esqueceste de se despedir.

Mas amor, onde você estiver saiba que batizei uma das estrelas com teu nome. Escrevi nossas promessas em
 um pedaço de papel e colei na parede vazia do meu quarto, pra que me certificastes de que não era delírio meu cada promessa que fizeste a mim. Saiba que cada pedacinho meu que arrastastes contigo, anda me fazendo falta. E que perco a cada dia a vontade de viver. No meio da noite, vejo-me privando meus pulmões de ar. Fico sem respirar, mas estou sem você há tanto tempo que nada, alem do teu abraço, me parece necessário.

Procurei o dia todo por um baú onde guardaria as coisas que deixará para trás, que se esqueceu de levar consigo, mas não achei um que coubesse a mim e minha dor.

 

Tão calma, sobre efeito de remédios.
Tão louca, sobre o efeito da saudade.
Alinne Ferreira.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011



  • Ele: Mas não se mate. (silêncio) — Por favor.
  • Ela: Por favor o quê?
  • Ele: Não se mate.
  • Ela: Ah, esquece. O sol está indo embora. Só falta um terço dele.
  • Ele: Ninguém se mata por amor.
  • Ela: Agora só tem uma lasquinha dele, bem vermelha.
  • Ele: Olha, uma vez eu li um cara, um escritor chamado Cesare Pavese, que dizia assim: “Ninguém se suicida por amor. Suicida-se porque o amor, não importa qual seja, nos revela na nossa nudez, na nossa miséria, no nosso estado desarmado, no nosso nada “.
  • Ela: E o que aconteceu com ele, esse tal Cesare?
  • Ele: Se matou. (silêncio)
  • Desconhecido.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Colocou o último disco do Legião na vitrola e ouviu “Clarisse”
 - chorou até não poder mais, 
de repente ela era Clarisse também. 
A dor já não era poesia.


Caio Augusto Leite

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Pequenos Olhos Suicidas.

Quantas vezes eu a ouvir pedir a Deus um anjo. Fazia baixinho a sua oração de agradecimento e no fim pedia apenas um anjo, explicava a Deus que era pra lhe fazer companhia nas noites frias de inverno, mas que também o queria nas de verão, quando as chuvas fortes e passageiras chegassem.

Por vezes eu a via chorar, sempre quieta, sentada em um dos bancos da igreja. As gotas percorriam seu rosto nitidamente cansado ate o encontro de seus, frigidos, dedos. E pedia de novo, baixinho: ‘’(...) me envia um anjo.’’ Por vezes tive vontade de lhe perguntar o motivo, mas nunca saberei.

Pobre garota, mergulhei em seus olhos uma vez, era um domingo a tarde, ela estava sorrindo. Arrisquei-me,  olhei em seus olhos, eram verdes (por vezes jurei que fossem azuis). Eram de uma tristeza desmedida, tinha as cores tão claras, mas ao mesmo tempo eram escuros. Havia gentileza em seu olhar, mas também assemelhavam-se a um calabouço. Traziam-me paz, e ou mesmo tempo atormentavam meus sonhos. Era uma incógnita pra mim, e eu estava pronto para descobri-la. Por varias vezes essa pequena fugiu de meu amor, se escondia por de traz da dor, mantinha por vezes sua armadura frente ao corpo. Lutei. Eu recebi os sinais de sua falência, tentei salva-la. Fui aonde eu podia pra te-la em meus braços, mas ela não me via, seu escudo de auto-proteção não a permitia. E ela se foi. Tentou voar. Jogou-se. Caiu. Morreu. E eu sussurrei baixinho: ‘-sou seu anjo pequena.’ (Alinne Ferreira)

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

sábado, 1 de outubro de 2011

patience.

Sinto-me segura em andar ao seu lado. Mas eu sei que não estou, sinto que em alguns segundos, você pode desistir e me soltar a mão. Vai me pedir pra que de passos sozinha, mas não vou conseguir. Vou te pedir ajuda, mas ai parece que já estou te vendo ao longe dos meus olhos. E, por favor, entenda que esse é o meu medo. Medo de cair novamente, levantar cambaleando com os joelhos sangrando, com o pulso ardendo. Medo de você não estar mais ao meu lado. Medo de fazer como as outras pessoas, e desistir. Medo cair sobre uma poça de tristeza, aaa como eu tenho medo de ficar molhada dessa água escura novamente.

Deixe-me fazer algumas paradas ao longo da nossa caminhada. Permita-me lhe servi uma xícara de café e um bocado de biscoitos em uma lanchonete qualquer. Só não corra novamente. Não me arraste pelos pulsos, permita-me respirar, permita-se respirar. Pare, sinta o que corre dentro de ti. Não se afobe meu bem. Vamos chegar lá. Eu vou estar com você, segurando sua mão, se você permitir. Vou descobrir seus segredos e estar te contando os meus. Mas é preciso calma. É preciso conversas, é preciso tanta coisa que agora não precisa nada. Precisa só de nos, a sós. (Alinne Ferreira)

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Sutil Caminhada




Dor que não para, não a deixa. Escuridão que a persegue, que anda tão colada contigo garota, que ate parece que a traz na bagagem em tuas costas. Pés despidos de proteção, assim como o peito, caminha entre tantas pedras e cacos, mas tem o rosto indolente, sem nenhuma expressão de dor ou solidão, mas os teus olhos a entregam, pobre de ti, anda por ai como se o escudo que arquitetou em sua volta a protegesse, mas olha só, os teus olhos dizem tanto, pena que há pessoas que não sabe Le-los. Não sabem como ver tanto mistério e beleza. Essas duas janelinhas -que dá pra uma vista linda dentro de tua alma- imploram impiedosamente por uma companhia que não existe mais. Que já se foi a um tempão.

Tu andas procurando por calor. Por vida dentro de si mesma. Busca por pessoas e já deixou de perseguir promessas. Anda por ai, dizendo a todos que não acredita mais nesse tal amor, que desiste e que nasceu pra ficar sozinha, mas me conte que no fundo desse órgão petrificado por decepções, que ainda há um pouco de esperança em ti, Confesse que tu queres acreditar desesperadamente em novos planos e novos sonhos.

Anda, anda mais um pouco. Essa caminhada tem tirado seu fôlego eu sei que tem. As pontes altas que você pensou em se jogar, e imaginar que voaria por alguns segundos, já estão distantes demais. Então segue em frente, mesmo que pra isso tu tenhas que provocar dor em teu corpo, mesmo que pra isso tenha que abrir mão de pessoas e de sentimentos grandes demais. (Alinne Ferreira)

Sei que estas esperando que alguém
 leia os pedidos de socorro em teus olhos,
 e eles são tão claros.
Fazem quantos outonos que andas caminhando só?
A quanto tempo a solidão e a dor te acompanha?

sábado, 17 de setembro de 2011

Um quase recomeço

Todo aquele pesadelo tardava a passar. Gritava entre quatro paredes, e não era ouvida. Pesadelos atormentavam minhas noites mal dormidas, e implorava ajuda à Deus. Adoraria olhar a ti, meu bem, e dizer: “És passado, já foi”, mas sou impedida de dize-lo isto, pois não digo nada além da pura verdade a ti. Tudo isto continua acontecendo, mas conto às pessoas que não. Prometo-as coisas que sei que serão impossíveis cumprir, mas não tenho remorso. Promessas nunca foram realmente prometidas para mim, apenas serviram de consolo. Olha ti, para onde jogou aquelas promessas de “ficarei para sempre aqui”? Ainda as desejo, mas você usa elas em outra garota iludida agora. Não cansa, não corrói, não machuca em ti do mesmo modo que machuca em mim? Finjo às pessoas que estes cortes foram sem querer e sem propósito, mas tu sabes que não são. Quase re-vivi, quase re-amei, quase re-contei minha história de vida, mas tudo não passa do “quase”. Investigo a felicidade existente em meu peito, mas à cada dia mais acho que ela estás evaporando e deixando-me. Por favor, meu amor, me tira deste pesadelo sem fim?
By: Sussuros de uma paixão | Tumblr

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Tão perdida, procurando inutilmente a saída dessa solidão deplorável.


Quisera eu ser teu remédio querido. Quisera eu que tu cumprisses tuas promessas e que me levasse daqui. Sabe eu ainda tento fugir dessa realidade. Tenho minhas malas prontas, a tua espera. Mas tu desististe de fugir comigo né. AA guri, tu me faz falta, teu sorriso me faz falta e ate suas mentiras andam me fazendo falta. Mas não vou te procurar, teus olhares me dizem que tu esta bem sem mim, e eu acredito nisso. Mas da próxima vez que sumir assim do nada, me deixa ao menos um bilhete de despedida, pois sentir tua ausência tão repentinamente doeria menos. (Alinne Ferreira)

sábado, 10 de setembro de 2011

sábado, 3 de setembro de 2011

Solidão é como uma melodia triste que se estende pela sala, cobrindo os móveis com aquela mortal saudade dos dias coloridos, das risadas que se calaram. Solidão é como um poema de despedida, um lenço caído ao chão de uma donzela apaixonada. É como poeira correndo louca pelo chão batido, que sustenta tantos pés pesados, que levam consigo corações partidos, inquietos, descompromissados e até mesmo vazios. Solidão é coisa para corajoso, viver solidão é como recitar calado um soneto sem métrica. Aos fracos deixo apenas aquela palavra incompleta, que se faz presente em pensamentos, pois correm atrás de qualquer resquício de calmaria, companheirismo, atolam-se de pessoas que não se encaixam, nem se completam. Gosto da solidão quando dividida com uma única pessoa, com a mulher dona do meu mundo, das minhas carícias, dos meus abraços, a única senhora que vejo em meus olhos, solidão a dois é mais gostosa, verdadeira, mas mesmo assim não deixa de ser solidão. Quem não se sente só, não sente.


por:  indomavel

domingo, 21 de agosto de 2011

Tenho vivido dias melhores.


  Há alguém me mostrando o caminho, queria que soubesse disso. Eu estou feliz agora. Embora a tempestade ainda não tenha me deixado, consigo imaginar o céu azul por entre das nuvens negras. A cada dia consigo me surpreender com cada sensação nova que aparece aqui dentro de mim. E o que de repente estava quebrado e ferido. Vem se regenerando, com a ajuda de um anjo, cada vez mais rápido. Queria que soubesse disso, assim como fez questão de me mostrar o quanto estava bem.
  Sim estou bem agora, depois de tanto tempo me flagelando e sentindo sua falta, aprendi que seguir em frente é o melhor a fazer. Deixo tudo para trás. Suas cartas. Nossas fotos. As lembranças. Agora algo novo chegou, e pretende ficar. Alguém que eu quero acreditar que, não vai embora. Alguém que faz questão de me dizer a todo instante que me ama.
  Caminhar ao lado dele tem sido prazeroso. Tem sido aliviador.

Tenho estado bem nessas ultimas semanas,
tenho vivido mais e escrito menos.
Desculpem pela ausência 


segunda-feira, 15 de agosto de 2011

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

cold

Ando precisando de abraços, de calor, de vida. A dias que nada em mim faz sentido. Escrever já não é mais tão prazeroso e aliador quanto era no inicio. Me sinto vazia, a um passo do abismo. Já não tenho assas pra alcançar o céu, no lugar delas estão as cicatrizes para me lembrar o quão brutal foi sua perda.
É frio aqui, quase que congelante. Mas sabe quando isso não passa com um cobertor e uma xícara de café?. Quando o frio é por dentro, e ter que viver com a sensação de ter uma pedra de gelo no lugar no coração e nitrogênio liquido nas veias.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Papeis jogados por toda casa, xícaras sujas de café caídas sob a mesa, rádio ligado em uma estação romântica, mas que me deixou com sono de viver. O que está acontecendo comigo? Foi a pergunta que refiz durante toda essa semana, sem respostas tentei buscar auxilio com o mundo real: mãe, pai, tios, avós, amigos… Nenhum deles compreendia em que esquina eu tinha me perdido dessa vez – porque essa menina fala tantas bobagens? – ninguém precisou dizer, minha mente se tornou a vilã do meu dia-a-dia e tirou o prazer que tenho mais bonito em fazer: escrever.
Tudo me distraia tudo me sugava e me interrompia quando faltavam poucas palavras para formular uma frase. 
Mas menina você sempre descreveu seus sentimentos, era tão fácil enxergar você lendo seu próprio coração (…)
No fundo acho que estava esse tempo todo me proibindo de escrever porque eu sabia que a próxima linha seria preenchida por você. Você roubou todas as minhas palavras e agora preciso te encontrar antes de escrever, e o seu plano funciona porque enquanto volto pra casa a minha frase ganha um ponto final: Você.
(
Jessica F.



É exatamente nessas linha, que me encontro.
Sem vontade e nem inspiração nenhuma para escrever.
Eu quero, mas pra isso algo aqui tem que doer.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Entardecer

Eu tento quase que desesperadamente colocar ar nos meus pulmões. Mas parece que eles estão incapacitados de fazer suas tarefas. Assim como todo o resto de mim. Não sei o que houve, mas nada funciona com o antes. As madrugadas são verdadeiras punições. A cada segundo meu peito falha, dói, quebra. As coisas ficam frias, mortas e solitárias.  Rimas já não fazem mais parte de mim. Não tenho nada alem de uma cama vazia e um copo de café pra me manter viva e quente. Daqui a alguns segundos a cidade ira começa a entrar uma escuridão profunda. E o sol começara a dar seu ultimo sorriso quente entre os edifícios antigos, me fazendo querer ir com ele. Mas ai ele se vai, e me deixara sem luz, sem calor, sem companhia. E eu Já deveria ter me habituado com a ordem de chegar e partir do sol. Mas não consigo. Não queria que ele se fosse, não pra me deixar como companhia o céu negro e as pontas de luz que acompanham a lua. Quisera eu mudar a ordem das coisas, logo eu, que nem se quer consigo receber um sorriso de alguém.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Exatamente assim. Pesada, sufocada. Ando com uma vontade tão grande de receber todos os afetos, todos os carinhos, todas as atenções.
Quero colo, quero beijo, quero cafuné, abraço apertado, mensagem na madrugada, quero flores, quero doces, quero música, vento, cheiros ... quero parar de me doar e começar a receber.
Sabe, eu acho que não sei fechar ciclos, colocar pontos finais. Comigo são sempre virgulas, aspas, reticências... eu vou gostando... eu vou cuidando, eu vou desculpando, eu vou superando, eu vou compreendendo, eu vou relevando, eu vou... e continuo indo, assim, desse jeito, sem virar páginas, sem colocar pontos... e vou... dando muito de mim, e aceitando o pouquinho que os outros tem para me dar.
(Caio Fernando Abreu)

sábado, 9 de julho de 2011

gotas doces.

Ela entra no chuveiro. Devagar, sem pressa. Os pulsos espessos por cicatrizes revelam sua dor. Debaixo do chuveiro a água se mistura com as lagrimas, lá ela pode chorar. Sozinha, quieta clama. A água quente percorre todo o seu corpo ela passa minutos longos e demorados lá em baixo chorando, fazendo as lagrimas se disfarçassem por entre as gotas que vem de cima. Se tu soubesse o bem que isso faz a ela. 

domingo, 3 de julho de 2011

Uma Sexta-feira qualquer

O céu esta coberto por consideráveis nuvens escuras, aqui de cima consigo notar quão linda são as tempestades. Da janela desse sóbrio apartamento oco, as gotas de chuva se projetam lindamente, me fazendo lembrar as chuvas de dezembro. E agora o frio me trás brutamente a julho, onde o que deveria ser bom e aconchegante, é gelado e mórbido. Já fazia um tempo que não chovia, devo admitir que essa chuva me fez falta. Mas agora, não faz mais.

Agora nada mais é importante, já não há ninguém que se interesse por mim, nem por meus textos. A musica tocando na sala não passa de mais um barulho sem importância. É tudo frio e uma solidão irrecusável toma conta de mim. É bom ficar só no chão do banheiro, não há ninguém com quem se preocupar. Não tenho que fazer café todas às manhãs. E nem me preocupar com sentimentos. É só eu nesse chão frio, eu e meu sangue que não para de fluir, sem motivo, sem volta, sem pressa. 

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Talvez o sorriso dela fosse leviano, talvez fosse sincero ou ate sínico. Mas ninguém notava. E mesmo que depois de tantos anos sorrindo as pessoas ainda se perguntava quem ‘era ela mesmo?’. 

quinta-feira, 23 de junho de 2011

solidão, essa a palavra?

Me faltam palavras para dizer como me sinto agora. Já nem sei mais o que é, só sei que dói. E a dor não para, ela não me deixa dormir, não me deixa viver. Ela só me diz pra te esperar, e esperar, esperar. E isso ta me cansando.
As fotos que vi hoje me dizem que você não vem nesse final de semana. A garota ao seu lado me avisa que eu te perdi. Custo a acreditar. Custo a admitir. Custo a dormir. Sei que por mais essa noite as lembranças me atormentarão, sei que a musica no radio ensaiara gotas salgadas em meu rosto, e o edredom gelado entre a parede e o meu corpo fingirá ser o teu abraço. Por essa noite tentarei ao Maximo não me ferir com a lamina gelada escondida entre meus cadernos, por mais que eu saiba que ela é capaz de desaparecer com todo esse entulho.
Queria que você pudesse sentir por alguns minutos isso. Toda essa melancolia e desprezo. Queria que você fosse menos individualista. Tente olhar pra mim dai de cima, dessa escada que você subiu tão alto. Diga-me o que vê em mim? Consegue ver as lagrimas prontas a escorregar. Consegue notar a fina linha de expressão que se faz entre meus lábios, peça para eu lhe explicar o motivo dela, e te direi que foi dos sorrisos que dei ao teu lado, e que de todo aquele passado bonito, ficaram apenas marcas em mim, que custam a sumir.
E ainda há, acho que sempre haverá um espaço vazio dentro de mim. Sei que em algum lugar lá dentro, talvez do lado esquerdo do peito, esta desocupado, abandonada ou como queira chamar. E de lá de dentro escuto sinais, que dizem que lá algo vai parar, vai falecer, mas meus olhos não obedecem e partem em busca de novos sorrisos e novos olhares, que aparentemente deveriam me fazer bem, mas não fazem. (Alinne Ferreira) 

domingo, 19 de junho de 2011

quase.



Eu quase consegui abraçar alguém semana passada. Por um milésimo de segundo eu fechei os olhos e senti meu peito esvaziado de você. Foi realmente quase. Acho que estou andando pra frente. Ontem ri tanto no jantar, tanto que quase fui feliz de novo. Ouvi uma história muito engraçada sobre uma diretora de criação maluca que fez os funcionários irem trabalhar de pijama. Mas aí lembrei, no meio da minha gargalhada, como eu queria contar essa história para você. E fiquei triste de novo. Hoje uma pessoa disse que está apaixonada por mim. Quem diria? Alguém gosta de mim. E o mais louco de tudo nem é isso. O mais louco de tudo é que eu também acho que gosto dele. Quase consigo me animar com essa história, mas me animar ou gostar de alguém me lembra você. E fico triste novamente. Eu achei que quando passasse o tempo, eu achei que quando eu finalmente te visse tão livre, tão forte e tão indiferente, eu achei que quando eu sentisse o fim, eu achei que passaria. Não passa nunca, mas quase passa todos os dias. Chorar deixou de ser uma necessidade e virou apenas uma iminência. Sofrer deixou de ser algo maior do que eu e passou a ser um pontinho ali, no mesmo lugar, incomodando a cada segundo, me lembrando o tempo todo que aquele pontinho é um resto, um quase não pontinho. Você, que já foi tudo e mais um pouco, é agora um quase. Um quase que não me deixa ser inteira em nada, plena em nada, tranqüila em nada, feliz em nada. Todos os dias eu quase te ligo, eu quase consigo ser leve e te dizer: “Ei, não quer conhecer minha casa nova?” Eu quase consigo te tratar como nada. Mas aí quase desisto de tudo, quase ignoro tudo, quase consigo, sem nenhuma ansiedade, terminar o dia tendo a certeza de que é só mais um dia com um restinho de quase e que um restinho de quase, uma hora, se Deus quiser, vira nada. Mas não vira nada nunca. Eu quase consegui te amar exatamente como você era, quase. E é justamente por eu nunca ter sido inteira pra você que meu fim de amor também não consegue ser inteiro…
Eu quase não te amo mais, eu quase não te odeio, eu quase não odeio aquela foto com aquelas garotas, eu quase não morro com a sua presença, eu quase não escrevo esse texto. O problema é que todo o resto de mim que sobra, tirando o que quase sou, não sei quem é.
Tati Bernadi

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Mask

Uma hora ou outra a mascara tem que cair, mas faço o possível para mantê-la firme em meu rosto. Essa não é a hora, não pode deixar a mostra os meus olhos vermelho e minha boca seca. Preciso mantê-la aqui por mais tempo, ate que eu aprenda a lidar com essa dor. Ate que eu saiba como controlar esse órgão involuntário. As pessoas não podem me ver com essa dor de maneira tão insolente estampada nos olhos.  Elas já se acostumaram com meu sorriso ensaiado, não posso ser tão insana, não quero. E sabe incrivelmente eu me sinto bem assim. A minha mascara, que convenhamos fora construída com muitas farsas e mentiras além de lagrimas, ela ficou blindada. Blindada contra qualquer sorriso, contra qualquer troca de olhares. Assim como meu coração, que se tornou tão complexo. Tão obscuro. Tão rochoso. E provavelmente a culpa é de alguém que nem se quer se importa. É sempre assim, não?. Quem a gente mais precisa em alguns momentos é quem esta mais distante. E foi aos poucos que meu coração foi ficando petrificado. Foi por cada palavra não dita, por cada lagrima não alastrada, por cada promessa quebrada, por cada plano falhado. E foi assim, com esses detalhes que minha mascara ganhou mais resistência, mais aderência a meu rosto inchado. E dia após dia, cada milímetro de mim foi ficando mais forte, Foi aprendendo que ele só olhou para o seu próprio coração partido e não viu que o meu também se quebrou quando o mandei embora. Eu vou ficar bem, tenho plena consciência disso, mas quanto ao meu coração já não tenho tanta persuasão. (Alinne Ferreira)


Desculpem-me pela falta de sentimentos. 

sexta-feira, 10 de junho de 2011


Quando a dor passar, eu prometo sorrir. Prometo te ligar e dizer um ‘oi’. Mas enquanto ela ainda se faz presente em mim, eu vou continuar escrevendo aqui, sem se importar se você lê ou não. Vou continuar sozinha, escondendo tudo que ainda há vestígio teu. Vou chorar e querer gritar teu nome, mas depois vou ficar bem. Quando tudo acabar vou sair de casa, vou ir ao cinema e não vou chorar. Vou ouvir musicas e não vou me lembrar de você. Quando você realmente se for, eu vou te procurar e vou lhe entregar a carta que, á meses, eu ando escrevendo e ai vou olhar nos teus olhos castanhos e dizer que você foi a dor que eu mais gostei de sentir. E eu não vou chorar por isso. Prometo, que não. E saiba que quando a dor passar e você não existir mais dentro de mim, ai sim eu paro de escrever. E quer saber, tomara que ela continue aqui. (Alinne Ferreira)

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Alguém me disse muito tempo atrás
Que há uma calmaria antes da tempestade
Eu sei
Já vem chegando há algum tempo.

(Have you evr seen the rain - The fray)

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Deixa que eu te ajudo

Por Lucas Silveira, em 23/11/03.
E a aquela velha história se repetiu e teve um fim. Mas na minha memória eu vou guardar você pra mim. É,você se foi do mesmo jeito que chegou. Você se foi pra sempre e nem me avisou, sequer telefonou. Eu ia te dizer como você era linda (talvez isso ajudasse a mudar), e eu sei que você pode me ouvir ainda (eu sei que tudo pode se ajeitar).Mas você quer acabar com a sua vida. Um guerreiro sem feridas morto ao chão. Quer iludir e fazer com que o culpado seja eu por toda essa ilusão.Deixe o sol secar suas lágrimas, deixe a chuva limpar tua alma de tudo que deixamos pra trás, e vamos viver em paz. Não vá assim. Deixa eu entrar pra sua vida pra ela não acabar.Deixa a lágrima sofrida no seu rosto escorregar. Deixa que eu te ajudo quando você precisar.Saiba que eu daria tudo pra não ir te visitar no seu enterro.é sobre pessoas que acabam com suas próprias vidas quando ás vezes tudo que elas precisavam era saber que sempre tinha alguém lá pra ajudá-las.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Você não sabe o quanto seu silencio me machucava, o quanto ouvir somente tua respiração me torturava. Eu te quero por perto, mas talvez não ao meu lado! Eu gosto de você, verdadeiramente, não posso te dizer que o amo, a ultima vez que fiz isso você se foi e ate hoje não voltou. Mas não precisa voltar pro meu sofá, vou ficar feliz em te ver de longe e em relembrar o quanto é engraçada aquela sensação de pausa na respiração quando te vejo. Observar o teu sorriso, já me faz bem. Não precisa voltar pros meus braços, eu sei que você esta bem, se mantendo longe deles. Mas por favor, pare de fingir indiferença, tá me machucando. E entenda que o seu nome nos meus visitantes recentes já está me amargurando, pois toda vez que te visito há um recado novo, de uma garoVocê não sabe o quanto seu silencio me machucava, o quanto ouvir somente tua respiração me torturava. Eu te quero por perto, mas talvez não ao meu lado! Eu gosto de você, verdadeiramente, não posso te dizer que o amo, a ultima vez que fiz isso você se foi e ate hoje não voltou. Mas não precisa voltar pro meu sofá, vou ficar feliz em te ver de longe e em relembrar o quanto é engraçada aquela sensação de pausa na respiração quando te vejo. Observar o teu sorriso, já me faz bem. Não precisa voltar para os meus braços, eu sei que você esta bem, se mantendo longe deles. Mas por favor, pare de fingir indiferença, tá me machucando. E entenda que o seu nome nos meus visitantes recentes já está me amargurando, pois toda vez que te visito há um recado novo, de uma garota qualquer dizendo o quanto é bom ficar ao teu lado. Então por favor, não precisa fingir que se importa, embora isso me faça bem, seja sincero. A dor da verdade dói menos. Na minha memória o seu sorriso vai continuar o mesmo, ainda que ele tenha mudado com esses meses. Vou tentar preservar seus beijos intactos em mim, embora eu saiba que os que eu te dei já não existem mais.
Quero que saiba que às vezes afastar as pessoas da gente mesma, não quer dizer que não os amas, às vezes é necessário se machucar para não fazer nenhum arranhão nos outros. Queria que você soubesse o significado disso. Queria que você soubesse o quanto eu lutei para não te ferir, e o quanto eu sofri te deixando ir. (Alinne Ferreira)




 Esse texto é velho, mais traduz  o que sinto agora, ;*