Comprei um par de asas para voar contigo. Sei que as minhas são de plástico e talvez não suporte o caminho todo, mas me arriscarei.
Quero voar contigo, mesmo sabendo que no caminho as tuas asas permaneceram limpas e as minhas estarão sujas e remendadas. Vou aprender a plainar com um beija-flor qualquer e me mostrar pra ti, vou sair por ai imitando uma borboleta enquanto o teu vôo se assemelha ao de uma águia. Vou desejar poder voar ao teu lado, mas estará muito acima de mim seu vôo mortificara o meu esforço gigantesco para manter-me no ar, mas me contentarei em estar sobre o mesmo céu que tu faz suas mais belas acrobacias. Vou fazer algumas paradas longas, e depois pegar carona em um corvo qualquer para lhe alcançar.
Mas e quando minhas asas de plástico quebrar de vez? Como vou te acompanhar? Não me bastara apenas ver-te voando por esse céu tão gigantesco sem minha companhia insignificante. Eu vou desesperadamente desejar as minhas asas fingidas novamente só para poder dividir esse céu contigo, só para que eu possa ao menos roubar um pedaço da imensidão azul que um dia patinhei contigo.
E quando não houver mais céu, eu ainda vou ter meu pedacinho guardado no bolso, e vou te presentear com esse pedaço que roubei de Deus. E mesmo que não queira me deixar ver-te voar no meu pedaço de céu eu ficarei grata por lhe fazer voar, mesmo que seja sem mim.
Alinne Ferreira