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domingo, 22 de janeiro de 2012

Ao moreno que me roubou o verão

Tudo bem se quiser partir, a porta sempre esteve aberta (esse foi o trato não foi?). Por esse motivo que eu não lhe seguro pelos cabelos e lhe peço pra que fique... Eu lhe disse que não me apaixonaria, então, por favor, me desculpe por não conseguir cumprir essa promessa tão simples e egoísta. Esta tudo bem meu moreno, pode ir... Eu lhe prendi com correntes tão grosseiras que certamente deve ter lhe machucado, perdoe-me. É que com tantas marcas de algemas quebradas nos meus pulsos eu optei por elos mais fortes. Mas dessa vez eu lhe deixo livre, embora seja arrogância de minha parte querer libertá-lo já que nunca foi realmente meu ‘prisioneiro’, você nunca foi de fato meu. Pois bem, minha casa sempre esteve escancarada pra quando quisesse sair, só não esperava ser tão cedo.

Passe pela sala e pegue algumas coisas que trouxe consigo para, aqui, pra dentro de mim. Leve seu radinho a pilha que costumava tocar nossas musicas... Por favor, leve-o na tua bagagem e dedique às canções a outra moça que se encantará provavelmente por ti, assim como eu. Nas prateleiras haverá algumas memórias de quinta-feira à tarde, essas eu te peço que as deixe no lugar... Para que eu possa recordar que não lhe causei mal algum. Deixe as memórias enfileiradas na prateleira para que eu não sinta culpa por tua partida, só para eu me lembrar que foi naquele dia que permiti a queda dos muros que construí ao redor de mim. No chão da sala terá parte de mim num canto escuro e sujo, essa parte de mim eu não pretendo ajuntar as outras, portanto essa minha parte é sua. Faça o que bem entender com ela, mas apenas lembre-se que essa é a melhor parte de mim, a parte que já não existe mais sem tua presença. Essas são as coisas que você não pode esquecer, essas são as coisas que você trouxe pra mim, para dentro da minha casinha pequena e escura.

Moreno, embora me doa, quando você estiver partindo terá o meu sorriso e aceno de minhas mãos tremulas na porta dos fundos. Terá de mim também uma pequena e inaudível oração pedindo a Deus para que lhe guie os passos. E eu esperarei com todas as minhas esperanças que você olhe para trás... E perceba o meu choro contido e reprimido pelo sorriso largo lhe desejando toda sorte do mundo.



Alinne Ferreira

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