é só mais letras.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Tudo se foi.

Eu gosto de observar as tempestades, acho incrivelmente fantástico o som que cada gota faz quando chega ao solo, gosto da maneira que as tempestades chegam repentinamente, me lembra muito minha vida.

A cada fleche que o raio fazia na janela do meu quarto, me traziam pequenos momentos de lucidez. A tempestade lá fora já não me assustava. Minha dor aumentava a cada batida do relógio, meu corpo ardia, a minha boca estava amarga, os meus olhos já não tinha forças para continuarem abertos. Mas eu ainda pude vê-lo, com seus cabelos escuros caído por seus olhos verdes, a sua boca ensangüentada. O desespero estava presente no seu olhar, ‘o que eu fiz?’ se perguntava ele gritando, como se pudesse competir com a tempestade. E eu estava ali, imóvel no chão tentando lhe dizer que estava tudo bem, mas ele não podia me ouvir porque da minha boca já não saia mais voz, provavelmente pelo ferimento no meu pescoço. Senti que ele havia me colocado em seus braços, pude sentir a sua pele frígida e o meu coração aos poucos parando de bater. E a luz foi se apagando. E tudo se foi. Minha dor, meus gritos, o amargo da minha boca, o calor da minha pele, tudo se foi, ele se foi. (Alinne Ferreira)

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